sexta-feira, 24 de novembro de 2023

A FALÁCIA "LIBERTÁRIA"

"Nada mais conservador do que um liberal no poder"

Muito se tem falado e utilizado nos últimos tempos, o termo LIBERTÁRIO.
Mas o que é ser "libertário"

Sempre tive por mim que ser libertário é estar vinculado a ideais anarquistas, de emancipação humana,
baseados em solidariedade mútua, comunitária e associativa, em busca de uma revolução social
tendo como foco primordial a luta de classes, e a consequente superação desta sociedade capitalista
e sua moral cristã burguesa decadente.

Bem diferente daquilo vinculado pelos pressupostos pós-modernos e contrarrevolucionários.
É outro termo conspurcado e sequestrado pela vigarice e indigência intelectual neoliberal/ancap.

Enfim, hoje em dia os termos, as retóricas, o léxico são meros enfeites de "narrativas"(argh!),
empregados de maneira aleatória e descontextualizada de seu princípio original que  
acabam por sintetizar o oposto daquilo que deveria significar, infelizmente.

Essa "novilíngua" cria ainda mais contornos dramáticos, se formos empregar no que tange aos
desdobramentos políticos e certas personagens meramente caricaturais do atual cenário político e ideológico patético vigente em que nos encontramos. A vulgaridade cria monstros. A dissonância cognitiva é ampla em meio a uma guerra cultural que desemboca para o acirramento e divisão da sociedade.

Sabidamente, o Império Romano do Ocidente usou a insígnia "dividir para conquistar" em seu objetivo
de dominação política e cultural.

No mundo virtual, das redes sociais, das bolhas digitais, de "influenciadores" e youtubers, que
em suas páginas e canais cumprem um papel que tem por objetivo puramente de desinformar e confundir os incautos e os ingênuos, a falácia supostamente libertária se propaga de modo ad hoc, sem nenhum compromisso com a verdade. 

Tomemos como exemplo, o recém eleito presidente argentino, Javier Milei, um boquirroto sacripanta fanfarrônico, tido por uma geração pós-mbl/jovem "klan" como "libertário". Afinal, o simples fato de ser "contra o estado", não te faz ser alguém "descolado" ou especialmente contra a repressão do aparelho estatal contra a maioria da população, etc. Do ponto de vista teórico, atesta para um Bakhuninismo tardio, distorcido e desprendido das feições originais. Ser a favor de regularizar o tráfico de órgãos não significa ser liberal e nem libertário. É um atestado de óbito cognitivo, moral e intelectual somente.

Um embuste político que uma vez ocupando o governo de uma nação, emprega noções privatistas, entreguistas, ferindo a soberania nacional, cimentando ainda mais a cadeia de privilégios de classe, sem tocar um ponto sequer nestas prerrogativas. Ou seja, todo "libertário" no poder se torna o pior dos conservadores, porque se adona pra si de toda máquina, pregando uma suposta "liberdade", mas mantendo a estrutura que explora e escraviza a maioria da população. Um receituário mantido à ferro e fogo, sob o disfarce conivente da defesa de uma democracia abstrata, figura de retórica ideologicamente elaborada para fins de perpetuação de poderes institucionais e o favorecimento da corrupção destes e daqueles que comporem uma frente mantida graças às brechas das leis do sistema.

O mecanismo tutorial que afronta a inteligência e cativa os mais jovens, seduzidos pela verborragia pop que o termo empregado carrega, se propaga pelas universidades, pela indústria cultural, sustenta pseudo valores tidos como "inclusivos" ou da "diversidade", pintados com as cores do identitarismo e do empreendedorismo, são soft powers sem bandeiras e sem fronteiras... Livres como hamsters em suas gaiolas, girando a roda da eterna alienação.



Nenhum comentário:

Postar um comentário

1° de abril de 1964 - 60 anos do golpe civil-militar e o silêncio da ex-querda: covardia ou conivência?

  Há 60 anos, mais precisamente em 1° de abril de 1964 ocorria o golpe civil-miltar que depôs o então presidente João Goulart. Dali em diant...