segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

200 ANOS DA DOUTRINA MONROE: DO EXPANSIONISMO ATÉ OS ESTERTORES

 

 


200 anos depois desde quando foi criado o lema "América para os americanos", ou também conhecido por "excepcionalismo", ficou claro que aquilo que se entende por AMÉRICA se restringe exclusivamente aos Estados Unidos da América e seus interesses expansionistas por todo o continente/quintal. Ao anunciar sua criação em dezembro de 1823, o então presidente estadunidense James Monroe, estabeleceu a "não interferência europeia no continente americano" até então sob o domínio do imperialismo britânico.

E o jogo se inverte. A partir de meados do século passado, são os EUA que intervém junto à OTAN no conjunto de países europeus criando um bloco capitalista hegemônico contra o bloco soviético, a assim chamada "Guerra Fria". O padrão-ouro de Bretton Woods é substituído pelo US dólar, configurando a hegemonia financeira do império.

O domínio atlanticista, de caráter anglo-ianque dita as normas, programa as crises, rouba as riquezas, como o petróleo, minérios, explorando mão de obra barata, conspira contra governos soberanos denominado-os de "autocratas", patrocinando golpes de estado e revoluções coloridas, desestabilizando nações, utilizando de espionagem, investindo na indústria cultural e na propaganda em massa via meios de comunicação privados, entre outras características onde a sua supremacia ideológica reina indistintamente. Tudo isso recebe a alcunha de big stick(o grande porrete) sempre estourando nos fundos da gente...

Claro, tudo em nome "da democracia e da liberdade", off course!

De lá pra cá, o que a história demonstra é a instalação de um imperialismo que avança além das fronteiras do continente americano. O "Destino Manifesto" se fez ideologia de guerra com suas políticas de "big stick". Apesar das resistências e revoluções no próprio continente como Cuba, Nicarágua e Venezuela, a ação permanente da "polícia do planeta" é atuante com a demonização de seus opositores, fantasiados de "comunistas", corrompedores da juventude, comedores de criancinhas e destruidores do american way of life.

Da doutrina expansionista Monroe às ações ideológicas das ONG's estadunidenses na Amazônia; Uma rede de intrigas se renova no Hemisfério Sul.

De maneira que ao adentrar as portas do século XXI, as agendas imperiais tomam novas formas e cores; iludindo aos desavisados de boa fé com pautas humanitárias, de inclusão, preservação ambiental e defesa da diversidade racial e de gênero, etc. A mídia, os bancos, as corporações se tornam avatares de uma nova era defendendo essas pautas.
Tudo para ficar bonito na foto. Essa versão "soft", levando a cabo a cartilha do politicamente correto, criado por think tanks e todo aparelho ideológico de estado  pretende fazer da humanidade uma espécie de Disneylândia, onde todos sejam tratados como um bando de patetas.

Impressionante é notar a cooptação por parte de uma determinada "esquerda", de corte social-liberal, com profunda aproximação com o Partido Democrata ianque, abraçando o identitarismo e abandonando de vez a Luta de Classes e a Revolução Socialista como horizonte político. Assim reproduzindo uma suposta polarização política-ideológica, como no Brasil, de polos bipartidários aliados dos republicanos(mais conservadores) e aliados dos democratas(supostos progressistas).

Das bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki, às investidas através de ONG's como Greenpeace e WWF, na Amazônia, o expansionismo imperial não vê obstáculos, já que conta com a conivência de governos e a obediência de seus "funcionários" internos pertencentes aos mesmos. O saque, a pilhagem, o roubo e o sequestro das riquezas naturais, são características marcantes e históricas do modus operandi imperialista. E para garantir isso, é preciso contar com um aparato midiático e ideológico submissos internos, com personagens da vida política e pública, celebridades, militares, e até "representantes" dos povos originários ocupando cargos e ministérios.

Mas depois de 200 anos o império não representa mais tanta força e influência, como um dia já representou. Embora ainda trave quedas de braço contra China e Rússia, é pouco provável que a sua sobrevivência a um anunciado novo mundo multipolar se dê triunfante e hegemônica; esperamos que seus estertores estejam cada vez mais próximos e possamos muito em breve assistir o apagar das luzes da Times Square imperial.

A AMÉRICA SOMOS TODOS NÓS! E não somente aquele país localizado geograficamente entre México e Canadá.

PS: Se a Doutrina Monroe completa 200 anos, um dos seus maiores representantes imperialistas foi Henry Kissinger, falecido aos 100 anos de idade. Morreu impune. Sem nunca ter sido julgado por seus crimes de guerra.

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