segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Entre a Dissonância Cognitiva e a Desonestidade Intelectual - ou a Indigência Mental Como Método e "Crítica à Razão"

 

 


A cobertura burgomidiática sobre os acontecimentos na Faixa de Gaza, atropelam todo e qualquer exercício de inteligência e racionalidade. A começar pelo pronunciamento do presidente Lula sobre o genocídio de Israel. Atacado por todos os veículos em bloco, - democraticamente, é claro... - todos sintonizados num só pensamento(único) em favor da predação sionista, a fala do presidente desnudou o que já se sabia, à ver;
 
1. O sionismo é a ideologia que rege os meios de comunicação, - concessões públcas, inclusive alimentados e agora engordados mais ainda pelo seu próprio governo, após o anúncio da renovação e ampliação dos monopólios do setor - promovendo uma chuva de lamentações e críticas a aquilo em que Lula está certo(ao menos desta vez).

2. Uma espécie de  "teoria da ferradura" aqui aplicada, unindo os liberais antibolsonaristas e os próprios bolsonaristas conservadores em um coro único consonante pró-Israel - "a única democracia do Oriente Médio" - demonstrando que a suposta "polarização" é uma farsa engendrada pelos mecanismos e dispositivos narrativos da guerra híbrida.
Afinal, aqui todos louvam e servem ao mesmo Senhor...

Daí podemos deduzir a seguinte ilação: o que se passa nesse momento de "impasse" da "democracia"? Será mera dissonância cognitiva, ou seja, a falta de coerência e subsídios informativos e comportamentais acerca do que se passa na realidade material do momento, ou então é a consagração cabal da desonestidade intelectual, como modus operandi da dominação ideológica em massa, servindo e impondo os pontos de vistas favoráveis aos interesses de classe da qual fazem parte esses conglomerados midiáticos(Globo, CNN, Record, Jovem Pan...)e também órgãos e entidades políticas, partidárias, não partidárias, israelitas ou não, todos saindo em defesa do indefensável ?

Quem trabalha com "fatos" e tanto propaga contra as "fake news", estar alienado à realidade joga por terra toda "credibilidade"imaginada. Nada mais invisível e abstrato do que isso. Resta então, a segunda opção, da desonestidade intelectual. Ardis verborrágicos, contorcionismos verbais, dissimulação e hipocrisia, por fim, atestam o caráter (ou falta de) de apresentadores, comentaristas, analistas e repórteres, que praticam de tudo, menos jornalismo.

Do outro lado, das hordas de viúvas do ex-presidente Bolsonaro, o que se pode esperar? Uma parte de parlamentares agilizando pedidos histéricos de impeachment de Lula. Saem em defesa de um país estrangeiro,de modo anticonstitucional e criminoso, atentando contra a soberania nacional. Um espetáculo ridículo. Que belos patriotas!

Está no centro dos acontecimentos, mais a importância da figura presidencial do que um debate sobre o que de fato anda ocorrendo em Gaza. É a era da mediocridade, da guerra cultural protagonizada por agentes maniqueístas, desse Fla-Flu interminável, um buraco de minhoca em que entramos desde 2018 e não conseguiremos mais sair...depois da pandemia, parece que só regredimos, sob todos os aspectos.

É lamentável atestarmos a decadência daquilo que se denominou como "civilização ocidental", em forma de uma indigência mental, de uma consciência social e política estuprada pela velhacaria sabuja aos interesses de nações imperialistas assassinas.
Aqui morre o "século da luzes", de um Iluminismo que já foi revolucionário, mas que agora é só um desbotado quadro reacionário burguês em uma parede cheia de rachaduras. 

O que deveria ser algo para envergonhar a humanidade se trata somente apenas de uma "guerra de narrativas", subordinando a verdade à relativização absurda. Há método e propósito nisso.

A crítica à razão afunda nas trevas da ignorância.


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