A partir do momento que a questão nacional estrutural está relegada a segundo plano das preocupações de uma determinada esquerda que "esquece" das demandas da maioria e se ocupa com a "representatividade" das chamadas minorias, temos aí um esvaziamento do ideário histórico que sempre a caracterizou; a luta de classes, o socialismo e a revolução viram artefatos de museu. O pântano da pós-modernidade é navegado num Titanic por aqueles que agora administram a crise capitalista, e se adaptam muito bem ao sistema liberal burguês, tornando-se representantes da ideologia rentista, financista e que cada vez menos produz bens materiais duráveis. Resta saber quando esse "barco" afundará de vez...
Quando um ministro da fazenda de um governo progressista ou de "esquerda" recebe elogios de banqueiros, é porque a coisa vai de mal a pior para o povo. Do que vale falar em desenvolvimento? Sustentável? Ou que sustente os privilégios de classe dominante entreguista, que nada de braçada no oceano dessa iniquidade atlântica poluída de misérias?
A dependência econômica engendra o subdesenvolvimento que por sua vez fere de morte a classe trabalhadora e a torna vítima maior do jogo de interesses que permite ao capital lucrar cada vez mais. Afinal, a banca sempre vence. "Baixar" os juros em 0,5% é um avanço? Ou puro cinismo e desonestidade de quem triunfa nesta podridão política que se mantém governo após governo?
A mídia burgo corporativa endossa o servilismo canino dos agentes desse "jogo-jogado" e prepara as expectativas para os próximos pleitos. Nomes são especulados para que sirvam ao deleite das bolhas digitais em redes sociais que dividem o país em contingentes de torcidas organizadas. Despolitização, falsa polarização e alienação em nível máximo!
As perdas dos direitos trabalhistas e previdenciários, a questão do emprego, do salário mínimo, a dívida pública, e suas implicações danosas simplesmente "não existem" para quem exerce o controle (des)informacional sobre a população. O que há são as pautas morais, de costumes, identitárias, ou do que atinge a "democracia" como os atos tresloucados de um 8 de janeiro e seus personagens bisonhos e bizarros.
Não há projetos soberanos no campo energético. A reforma agrária e a urbana foram para sempre arquivadas. O latifúndio secular triunfa sob a sombra do moderno agronegócio com suas dívidas bilionárias perdoadas. A reforma tributária é festejada. No âmbito geopolítico, o Brasil ocupa posição ambígua. Ora, tende a embarcar na "multipolaridade" do BRICS, como mais um coadjuvante. Assim como hesita diante da eterna servidão canina ao imperialismo estadunidense. Que apito tocas, cara pálida?
Vejam, senhoras e senhores, a tal Cúpula da Amazônia. Tão recheada de boas intenções envolvendo os representantes dos países que dela fazem parte, mas que ao mesmo tempo tudo ali deliberado provavelmente será tragado pelo vácuo da sucessividade dos fatos e pela efemeridade das "soluções" ali debatidas e encontradas. Monitorada é a tal cúpula pela ambição dos países desenvolvidos, que só estão de olho nas riquezas minerais como a da exploração do lítio.
Evidente que abrir um poço de petróleo ou explorar a floresta para fins mercadológicos atendendo assim interesses privados financeiros multinacionais, é um crime se não for para atender ao próprio desenvolvimento soberano dos países e as demandas de seus povos.
Encher os bolsos dos rentistas significa esvaziar as mesas dos trabalhadores quando estes já não tem nem mais um trabalho digno com estabilidade como sustento de suas famílias e precisam se sujeitar a essa lógica predatória atual do "salve-se quem puder" da ideologia do empreendedorismo ou entregues à sorte da caridade cristã católica. Enquanto o estado cruza os braços, assobia, disfarça e olha pra cima.
Eis o cenário do caos, sobrando para nós meros mortais a convivência de um cotidiano de violência institucional, do analfabetismo- também funcional-, da pobreza, da saúde sucateada, sabotadas e marcadas pela anuência de governos subservientes ao imperialismo, de elites e castas que operam conjuntamente (forças armadas e juristocracia), das privatizações como as da Eletrobras e Petrobras, de políticas cosméticas que empurram para debaixo do tapete social a sujeira acumulada de décadas de espoliação e super exploração.
O caos é sólido, mas como dizia um certo barbudo TUDO QUE É SÓLIDO DESMANCHA NO AR!